A “Coisa tá Preta” um estudo Antropológico e Linguístico sobre expressões racistas que circulam nas principais redes sociais.

Conteúdo do artigo principal

Patricia Formiga Maciel Alves
https://orcid.org/0000-0002-9594-9504
Edileide de Souza Godoi
https://orcid.org/0009-0002-1880-9652

Resumo

Este artigo trata da permanência, na sociedade, do uso indevido de expressões racistas, especialmente nas redes sociais. Na maioria destas expressões, associa-se a cor preta a algo negativo; no seu oposto, têm-se uma associação do branco a algo mais positivo. Sabemos que a origem do nosso próprio idioma e dessas expressões são decorrentes da forte influência do período da escravidão. Diante dos fatos, esse trabalho tem como objetivo investigar como o uso e permanência de determinadas expressões preconceituosas, ainda hoje, contribuem para a permanência de estereótipos e discriminação. Para tanto, o corpus da pesquisa é constituído por expressões racistas em sua significação e origem, irrompidas nas redes sociais, como no X, Instagram e no Facebook. Do ponto de vista teórico-metodológico, utilizamos como base teórica a Análise do Discurso Francesa (ADF) – uma abordagem discursiva que passou por diferentes momentos de (des)construções, interrelacionando a linguagem e seus significados ao contexto sócio-histórico e ideológico em que ela é produzida. Os resultados apontam que a essas expressões, em especial dos enunciados “a coisa tá preta” e “se a coisa tá preta, a coisa tá boa”, continuam sendo usadas tanto como manutenção de ideologias negativas e valores semânticos relacionados a toda uma cultura discriminatória, como também subverte a uma perspectiva de inserção do negro e valores socioculturais afro-brasileiros. Trazer essa reflexão nos impulsiona tanto a pensar: como e por que, hodiernamente, ainda se faz uso de expressões e significados enraizados em nossa linguagem, bem como em sua emergência de retirada.

Detalhes do artigo

Como Citar
Formiga Maciel Alves, P., & de Souza Godoi, E. (2025). A “Coisa tá Preta”: um estudo Antropológico e Linguístico sobre expressões racistas que circulam nas principais redes sociais. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 44(2), 340–351. https://doi.org/10.37370/raizes.2024.v44.897
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Patricia Formiga Maciel Alves, Universidade de Pernambuco

Possui graduação em Curso de Bacharelado Em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba (1997), mestrado em Programa de Pós Graduação Em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (2000) e doutorado em Programa de Pós Graduação Em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba (2005). Atualmente é professor adjunto da Universidade de Pernambuco. Tem experiência na área de Sociologia e Antropologia, com ênfase em Fundamentos da Sociologia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Diversidade, Educação, Multiculturalismo, Pós-modernidade, Relações étnico Raciais, entre outros. É pesquisadora do Grupo de Estudo Étnico racial e Ambiental - GERA, e também do Centro de Estudos Linguísticos e Literários da Upe -CELLUPE.

Edileide de Souza Godoi, Universidade de Pernambuco

Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa- pela Universidade Federal da Paraíba (2006), Mestrado (2008) e Doutorado (2015) em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba. Atuou durante dois anos como professora substituta do DLCV(Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas) da UFPB (2016-2018), bem como na graduação da UVA (Universidade do Vale do Acaraú) e Pós-Graduação na Universidade de Timbaúba (PE) FAEST. Foi Chefe da Coordenação Pedagógica da FUNJOPE ( 2011-2012),selecionando, assessorando e coordenando projetos de diferentes linguagens (Oficinas Culturais nos Bairros). Corretora CESPE durantes os anos de 2010 a 2015. Atuou como tutora a distância - UFPB Virtual -, (2010 a 2019). É revisora periódico das revistas Littera e Colineares. Foi coordenadora pedagógica do Colégio e curso Madre Tereza. (implantando o ensino remoto 2020-2021) Uma das organizadoras das obras: Cartografias discursivas; Práticas discursivas contemporâneas: corpo memória e subjetividade e Textos Poéticos Africanos de Língua Portuguesa e afro-brasileira. Tem experiência no ensino superior /Letras Língua Portuguesa, Metodologia do trabalho científico, Análise do discurso (AD) e Leitura e produção de Gêneros Discursivo, Estágio Supervisionado, etc. Além disso, experiência com palestras, orientações de TCCs , bancas de graduação, pós-graduação e concurso e coordenação pedagógica de projetos e ensino básico. Atualmente, formadora da Consultoria Foco , professora (contratada) da UPE (Universidade Estadual de Pernambuco) do curso de Letras e Professora Assistente A (Campus IV - UFPB)

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